KIAFUNHATA

imagens da vida e da arte

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Dezembro: luzes no céu do Rio de Janeiro

Dezembro chegando, clima de Natal e helicópteros no ar; gente acreditando no Papai Noel e na cidade pacificada. A mídia transformou o dia 25 de novembro em dia histórico na luta contra o tráfico, e na conquista de pontos do ibope. A invasão do Complexo do Alemão possibilitou imagens em tempo real da ação das forças armadas e da fuga de um exército paralelo, também armado.
Na noite desse dia de guerra, enquanto o filme de ação garante picos de audiência para as TVs e para a eficiência do governo carioca, espaços desprovidos do pesado policiamento deslocado para a Penha começam a temer a possibilidade de acolher os rapazes banidos da Vila Cruzeiro e empenhados em fugir do cerco da polícia e da imprensa. As forças armadas fecham as vias públicas, mas, as vias escondem acessos que permitem fugir ao cerco e driblar um oportuno descuido de alguns sentinelas.

A estratégia policial definiu o 26 de novembro como dia de rendição, porém o que houve foi evasão. Militares entram numa comunidade já desocupada por lideranças do poder pararelo. Soldados atiram intensamente, até que, aos poucos, os tiros cessam, as tropas avançam, encontrando muita munição, armas, drogas e bens deixados pelos retirantes. Cada apreensão é festejada e exibida como prova da vitória. A conquista do território inebria, ninguém quer falar no triunfo dos "perdedores" que concretizaram fuga, apesar do aparato bélico concentrado naquele ponto da Zona Norte.

Cariocas que vivem a realidade de uma cidade longe de ser pacificada sabem que, com escassas prisões, o evento divulgado como libertação da comunidade do Alemão foi apenas um movimento de desarticulação de um ponto simbólico no poderoso ramo do comércio de drogas. Como já ocorreu em outros episódios do péssimo jogo de estratégias oficiais, a nuvem de homens saída da Penha vai pousar e se articular em outro lugar, por isso é provável que a paz local resulte em barulho em outras comunidades, para onde migraram inusitados visitantes, personas incompatíveis com o clima de festa alardeado pela imprensa. A partir do dia 26 o momento se torna complexo fora do Alemão e do raio de visão da mídia. O esperado enfrentamento tornou-se cena para próximos capítulos...

Pacificações de locais isolados são muito eficientes para a projeção do esforço governamental. Porém, as doze Unidades de Polícia Pacificadora estão longe de garantir a “pacificação” de modo uniforme. As UPPs não cobrem toda a grande cidade: muita gente sabe e sente essa falta de cobertura. Até o momento, o Centro possui uma unidade, a zona sul foi privilegiada com quatro, a zona norte ganhou três e na zona oeste existem apenas duas.

Por conta dessa distribuição, moradores da zona oeste se mostram apreensivos com a delicada situação da região que vive o paradoxo de ser a maior da cidade e ter o menor número de unidades pacificadoras. Formada por 42 bairros, no interior dos quais surgiram muitas comunidades, nesta região está concentrado o maior número de habitantes. Outra antítese habita essa periferia super povoada: a rarefeita presença de forças pacificadoras para uma imensa concentração de comunidades e possibilidades eminentes de conflitos. “Fronteiras” abertas, Zona Oeste e Baixada Fluminense vivem a imigração e tomada de territórios, nos quais se edificarão novas fortalezas das velhas organizações criminosas. Distanciados dos espaços periféricos, os governos cariocas repetem a lógica, celebrizada por Pereira Passos, de organizar o centro varrendo a desordem para a margem.

Para os que olham a cidade do litoral, a contemplação do mar tão cantado da cidade maravilhosa permite um aprendizado cotidiano. O vai e vem das marés mostra que o material posto à margem é tragado e misturado ao mar. Essa lição pode ser vista ao vivo. Mas, é visível que os sucessivos governos e comandantes da segurança pública carioca a ignoram, dando continuidade ao recurso de engrossar a desordem marginal com ações concentradas em alguns espaços e que trazem um alívio breve como a espuma branca que some na areia marginal.

Dezembro chegou. Eles fugiram, a audiência caiu... Câmeras e militares ávidos encontram apenas rastros do bando de fugitivos, responsável pela cena "histórica" da cobertura. A falta de enfrentamento deixou um vazio na pauta da transmissão da chegada da "elite" das tropas ao Alemão. A expectativa de cenas de ação à capela, transmitidas em rede nacional, foi frustrada. Restou ao jornalismo verdade eleger "heróis" que atuaram na guerra, com ou sem farda. Superadas as barricadas, as equipes captaram imagens do contraste entre os muitos barracos e as poucas fortalezas, mostrando que na comunidade ou no asfalto, a desigualdade se tornou marca do Rio.

Não existe cerco suficiente, assim como não existe Papai Noel. O helicóptero sobrevoando o local da fuga lembrava a cena marcante na infância de muitos cariocas que viram Papai Noel descer no Maraca, as armas projetadas para fora até lembravam a bengala do bom velhinho, e os militares que lá estavam se comportaram como tal: sem tiros, sem violência; só contemplação. A força bruta seria exibida em caráter privè, longe do alcance das câmeras, sendo denunciada depois por moradores e garantindo o day after da imprensa.

Depois das muitas horas com transmissões e helicópteros no ar, as emissoras mudam a estratégia. A telinha exibe imagens de geladeiras, notebooks, motos e outros itens adquiridos pelos traficantes; presentes que muitos queriam ganhar no Natal... Porém, para a maioria a festa será feita com presentes mais baratos e em meio àquele cerco formado por família e amigos.
A verdade mostrada e não dita é que, embora alguns laranjas tenham sido presos e exibidos como saldo do “independence day” carioca, os líderes do crime estão bem protegidos e refugiados nas fortalezas, fortes e quartéis distribuídos pela cidade. O investimento na tática bélica não garante a virada propagada; muito menos as cenas de contato amistoso entre moradores e policiais sinalizam uma situação cotidiana: todos esses fatores são exceções. A regra continua, e seus comandantes estão livres para outras articulações e organizações que visem ao lucro.

Criativos e preocupados (!) com o bem estar geral da nação, os meninos abastados da computação gráfica criaram um jogo e, negando objetivos violentos, permitem que todos "brinquem" com a fuga e dêem vazão a um inaceitável desejo de extermínio manifesto no discurso de alguns habitantes da cidade. Ideias sérias em jogo no brinquedo da Web. Acertar o alvo visível e exterminá-lo desponta como solução mágica entre os jogadores-comentadores.

Diante desses bizarros jogos e táticas da guerra nossa de cada dia, armar a árvore de Natal é boa técnica para desarmar corpo e mente. Governo e imprensa apostam nisso, criando grande visibilidade para a árvore gigantesca armada na Lagoa Rodrigo de Freitas. Olhos voltados para o litoral, cariocas admiram a maravilha de cenário. Soldados nas ruas emprestam um toque “quebra-nozes” ao cenário. Após os traçantes e helicópteros, todos querem ver outras luzes enfeitando o céu do Rio, de dezembro a janeiro.


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Lapa: terra "brasilis".

Lenine, Nei Lopes e Zeca Baleiro na Lapa: não há cansaço que resista!

Os talentosos acima são algumas das presenças reunidas no evento "Brasilidade", iniciado no dia 18 de novembro e que terá continuidade até o dia 2 de dezembro.

Organizador do evento, o MinC promete fazer do Centro do Rio de Janeiro um local concentração de atividades e artistas que representam a diversidade cultural brasileira.

Oficinas, filmes e muita música para nossas almas e agendas. Confiram em http://www.cultura.gov.br/site/2010/11/18/%E2%80%9Cbrasilidade%E2%80%9D/

A culminância será com a cerimônia de entrega da Ordem do Mérito Cultural (OMC), a mais alta comenda oficial na área. Os organizadores divulgam a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na noite que terá Darcy Ribeiro como grande homenageado.

É organizar o roteiro, passar pela LAPA e não deixar passar a oportunidade de travar contato com as diversas artes que estarão por toda parte.

Programação resumida:

Parte do cardápio divulgado no site oficial:

No total, serão 18 shows nos palcos montados nos Arcos da Lapa e no Largo da Carioca e uma apresentação da Orquestra Sinfônica da Petrobras na Fundição Progresso.
Do rock da banda Cachorro Grande (RS), passando pelo hip hop, samba de roda, a MPB de Adriana Calcanhoto (RJ), Lenine (PE) e Zeca Baleiro (MA), até o som cosmopolita de Céu (SP), Otto (PE) e o cacuriá de Dona Teté do Maranhão.

Também haverá espetáculos teatrais com 17 grupos, entre eles, Galpão (MG), Cia do Miolo (SP), Tá na Rua (RJ), Mamulengo Presepada (DF), Augusto Bonequeiro (PE) e Teatro dos Caretas (SE). Na dança, sete companhias que também fazem parte do Festival Panorama, como Thembi Rosa (MG) e Gustavo Ciríaco (RJ).

A programação de filmes terá mais de 90 títulos, entre longas, médias e curtas metragens, de todos os gêneros, distribuídos em cinco locais de exibição: Centro Cultural Justiça Federal e Odeon BR, ambos na Cinelândia; Arcos da Lapa e Fundição Progresso, na Lapa; e Escola de Cinema da Universidade Estácio de Sá (Campus Rebouças), no Rio Comprido.
Cinco grupos (um do Rio, um de Pernambuco, um do Maranhão e dois da Bahia) farão manifestações populares. Nas artes visuais, sete instalações e exposições, entre elas “O sonho de Darcy”, do estilista Jum Nakao, que se chamará “O sonho de Darcy”.

Serão realizadas, ainda, seis oficinas, das quais cinco estarão relacionadas à programação de Manifestações Populares e uma será organizada pela produção de Audiovisual. Essa de audiovisual começa no dia 20/11 e vai até 01/12, no Palácio Gustavo Capanema, no Centro.


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A imagem (capturada e) encantada

Depois da semana dedicada ao Cinema Negro do Brasil, África e Caribe, chega a hora de apreciar a imagem capturada e encantada pelas técnicas da fotógrafa e antropóloga Bárbara Copque.
Para alguns, basta olhar e ver. Para outros, como Copque, olhar é um ato de revelação daquilo que não é visto. A técnica e a sensibilidade unidas para eternizar os pontos de vista que nosso olho leigo deixa escapar.
A dona moça, que expõe belíssimas fotos no flicker, também é autora de trabalhos etnográficos ligados ao grupo INARRA e, em breve, defenderá sua tese de doutorado repleta de fotos coletadas entre as detentas do sistema carcerário carioca.

Por hora, a dica é não perder a oportuniudade de partilhar os clicks dessa menina-mulher da pele preta, cuja arte foi selecionada para a exposição coletiva "Partido Público Privado".
A abertura da exposição será quarta, 17 de novembro às 19h no Instituto Kreatori. Rua Alice, 209 - Laranjeiras/Rio de Janeiro.



terça-feira, 26 de outubro de 2010

Escritores angolanos na UFF: "kiafunhata" das memórias literárias

Mais uma boa pedida para a agenda de novembro.

Os escritores Luandino Viera, Pepetela, Paulina Chiziane e João Melo estarão na UFF, em mesa-redonda intitulada "Depoimentos e Testemunhos". A mesa integra a programação do III SEMINÁRIO LITERATURA, GUERRA E PAZ, que acontecerá nos dias 03, 04 e 05 de novembro, no Campus Gragoatá.

Para ouvir essas memórias e testemunhos, que devem fazer aflorar reflexões sobre gênero e política em Angola e Moçambique, é preciso estar na UFF no dia 05/11 às 16:30h!


* O material divulgado informa que o credenciamento será realizado em 03/11/1985 - (N)EPA! -
Felizmente trata-se de um pequeno lapso, o credenciamento será no dia 03/11/2010 - QUARTA-FEIRA - 9 h, portanto ninguém está atrasado ou perdeu a chance de participar deste evento repleto de trabalhos e personas apreciáveis.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Novembro: culturas e consciência negra em "kiafunhata"


Além do(a) novo(a) presidente, Novembro promete uma agenda movimentada no terreno da construção de conhecimentos sobre África. A participação nessas atividades vai auxiliar no reforço de uma consciênscia sobre a contribuição africana para nossa cultura, como também no reconhecimento das produções culturais africanas produzidas atualmente.

Logo no início do mês, de 1 a 7 de Novembro, a dica é a programação dos Encontros Culturais da Língua Portuguesa. Uma das atrações é o espetáculo teatral ‘Errância de caim’ do grupo angolano Elinga, portanto, um produto da recente safra teatral africana.

Faz parte da programação a mostra Artes sem fronteiras, que será realizada no Oi Futuro de Ipanema e do Flamengo, Casa de Rui Barbosa e Circo Voador. Além do Elinga, de Angola; encenam sua arte o Estação Teatral, de Portugal; Raiz Di Polon, de Cabo Verde, e o GTO (Teatro do Oprimido) de Guiné Bissau. O evento reúne dança, música, circo, teatro, exposição, mesas de debates e oficinas teatrais, todos com entrada gratuita.

Nos dias 3 e 4 de Novembro, acontecem as mesas de debate sobre rumos da cultura de língua portuguesa. A Casa de Rui Barbosa sedia quatro Mesas de Debates com temas ligados à música e ao teatro, com a participação de figuras expressivas nas áreas da dramaturgia, música, crítica jornalística e educação.

Após o debate, a música é o programa para a noite do dia 4, quando subirão ao palco do Circo Voador no show ‘O Som da Língua’, o Afroreggae, o moçabicano Cheny Wa Gune e Quarteto, DJ MAM, o grupo português Kumpania Algazarra e a carioquíssima Fernanda Abreu.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Bola rolando em Campo Grande: "E agora, José?"

Não bastasse o jogo de acusações, ontem foi a vez da tucanada jogar pesado com uma leve bola de papel. Próximo aos quarenta do segundo turno, o episódio farsesco ocorrido em Campo Grande mostrou a pequenez dos artifícios valorizados nessa campanha presidencial brasileira.


Apoiado na verde-esperança do aliado do PV carioca, o candidato tucano fez de seu passeio pela parte menos maravilhosa da cidade uma grande oportunidade de descer serra abaixo nas intenções de votos daqueles que desejam frear expedientes tão excusos.


Pena o ex-ministro não ter sido aconselhado a procurar atendimento no tomógrafo do Hospital Rocha Faria, o que daria a esta encenação o mérito de mostrar como anda a administração da saúde no governo do tucano carioca, aliado a candidata do partido dos agressores. Seria um mote excelente para mostrar o resultado negativo obtido pelo tucano desgarrado e coligado aos antigos adversários...


Fosse tudo isso uma fábula, teríamos a moral da história: é grande o campo (eleitoreiro situado na periferia), as ambições idem, mas é necessário ter a mínima decência para alcançar a vitória nas urnas. Porém, estamos falando de uma farsa, caracterizada por personagens e situações caricatas e explorada politicamente por uma coligação que pressente a colisão com a derrota.


Brasileiros que somos, para aliviar a alma, lembramos da boa poesia da terra e estamos a rir do candidato nesse momento "e agora José". Como nos versos de Drummond: "
A festa acabou,a luz apagou/(...)/a noite esfriou,/e agora, José? e agora, você?/(...)/,que zomba dos outros.

E agora, os amantes das tecnologias digitais nos ajudam a zombar desse José, que também "fugiu a galope", buscando um estratégico atendimento médico. Com o simpático joguinho abaixo, o ambiente virtual cria a oportunidade de atirar bolinhas e alvejar, no candidato, algo que o poeta criticava no seu José: "seu terno de vidro, sua incoerência".

Convido vocês para este jogo limpo e desestressante!

http://www.emoticonscrap.com/bolinhadepapelserra.swf

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Poesia FAVELA


Kiafunhata da poesia na UERJ,
dia 20/10, a partir das 14h, com o evento Poesia FAVELA!
Estarão por lá Éle Semog (poeta),
Nelson Maca (poeta e
organizador do sarau Bem Black de Salvador),
Érica Nascimento (USP) e
outros nomes das letras,
vias de produção
e vielas da vida urbano-literária.
19h- Sarau em homenagem a Carolina Maria de Jesus.
Boa iniciativa do LER UERJ, pois há 06 anos, procurei por um livro da autora e a universidade tinha apenas 01 cópia do Quarto de despejo, fruto de doação e guardada na biblioteca comunitária...
Programação completa no www.poesiafavela.blogspot.com

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A política e o "faz-me rir".

Mais uma eleição chegando. Com a exigência do título do eleitor em mãos para votar, preciso achar esse meu documento que, escondido em alguma gaveta, me parece mais secreto que o voto. O momento é de procurar. Procurar fichas limpas dentre os nomes de uma lista cheia de trajetórias e apelidos absurdos.

Ah, os nomes... Inevitável não prestar atenção neles, pois outdoors, panfletos e programas eleitorais na TV ressaltam alcunhas bizarras que combinam com projetos idem. Os nomes elegíveis nas eleições 2010 fazem cócegas no ridículo e forçam a rir de indignação diante do nível das figuras e figuraças produzidas e produtoras de uma política que tem sido constante motivo de decepção, pois, “ser político” é cada vez mais claramente identificado como um “jeitinho” encontrado por alguns brasileiros para ampliar as possibilidades de aumento do “faz-me rir”. Para os mais distanciados da linguagem popular, explico que a expressão “faz-me rir” é utilizada entre os muitos brasileiros das camadas populares para fazer menção ao minguado pagamento que lhes chega às mãos no fim do mês, proporcionando um fugaz momento de alegria.

Reconhecidos como espaços propícios à farta compensação financeira, assembléias, câmaras e gabinetes tornaram-se sonho de consumo daqueles que buscam cachês mensais mais fartos... Resultado, os trens da alegria, notória vergonha na história da política brasileira, além dos condutores vitalícios que percorrem diferentes siglas e cargos sem nunca sair do poder, contam com um número cada vez maior de celebridades aspirantes ao ingresso. Outra parte dos candidatos representa o nepotismo tornado característico na cena política que garante, com voto ou com cargos de confiança, o ingresso de filhos, netos, esposas e todo tipo de parentela dos ocupantes de cargos políticos. São tantas histórias desse tipo que o procedimento tornou-se regra e parece uma “guerra” vencida por eles e Erenices...

O investimento pesado nas campanhas indica a importância deste lugar que, além da utilidade pública original, é cada vez mais visível como de utilidade particular. Como saída para investir menos, siglas políticas investem cada vez mais no “uso” das celebridades para consolidar suas “marcas” e contas. O duro é que estamos pagando uma conta alta, composta por verbas e atenções desviadas para o pior caminho e responsáveis por guiar o eleitor para a descrença num voto que se mostra benefício apenas para quem o recebe.

Tomando como exemplo as listas de candidato do RJ e SP, posso alcançar meu objetivo de fazê-los experimentar o riso desgostoso em ter que dar voto e verba pública a sujeitos que deveriam continuar na privada vidinha ou continuar tornando públicos seus dotes artísticos. No RJ, alguns dos talentosos que batalham por nosso voto são: MULHER MELÃO - candidata a deputada estadual pelo PHS, TATI QUEBRA-BARRAC0 - candidata a deputada federal pelo PTC, além da dupla Bebeto e Romário que, encerrada a época de ataque no futebol, agora quer defender o seu na política. Em São Paulo, a lista conta com MULHER PÊRA - candidata a deputada federal pelo PTN, RONALDO ÉSPER - candidato a deputado federal pelo PTC e o humorista Tiririca (PR-SP). O cenário pastelão parece ter motivado o autor de Florentina a investir na nova carreira. Com o slogan: "Vote Tiririca, pior que tá não fica" o candidato aposta na manutenção da (falta) qualidade e, reforça o rol de atitudes que desgastam nossas expectativas positivas numa renovação do modo de exercício da política.

É ainda mais difícil rir, quando pedem nosso voto as segundas e terceiras gerações de famílias há muito instaladas na política e publicamente identificadas com escândalos e esquemas que os qualifica como incentivadores de um esquema “gestão-extorsão”, cujas regras aviltam a lógica dos mortais cidadãos confrontados com a “impunidade” de eleitos que tem ciência de estar a salvo de maiores punições e de circularem por um espaço onde o desvio, o nepotismo e outros crimes, compensam polpudos cheques.

A coisa ficou tão feia que figuras ligadas às denominações religiosas formaram bancada para intervir nesse ambiente politeísta e, usando o nome de Jesus, invadiram o cenário com representantes já eleitos e outros que pleiteiam uma vaga em 2010. Destaco o cantor-pastor Waguinho que exemplifica as celebridades de Jesus e representa a imagem do homem elegível para eleitores que precisam acreditar na integridade e virtude dos que adentram o espaço impuro de uma política que une diferentes siglas no esforço de proteger aos que são flagrados em práticas condenáveis. Pena que ao fazer parte deste setor social, a igualdade que caracteriza a sociedade brasileira se manifesta e, até mesmo os homens de fé acabam aderindo ou demonstrando que já concordavam com o jogo do qual passam a fazer parte. Então, valha-nos DEUs, pois racionalmente está difícil encarar essa galera DEMocrática que luta para livrar a sociedade do perigo de dividir, especialmente, a renda, o conhecimento e o poder concentrado nas mãos de poucos.
Por tudo isso, me sinto anulada ao ter de votar nesses ou em outros nomes que venham a integrar as assembléias, governos e senado. Essa política que garante sorriso e vida farta a alguns, não tem graça. Diante dela ganha corpo a vontade de protesto.
E, finda a procura, cá estou eu, com o título na mão e a idéia de voto nulo cada vez definida na cabeça...

domingo, 5 de setembro de 2010

Diversidade, resitência & resiliência


A palavra resiliência chegou aos meus ouvidos no começo da semana passada. O termo, raro na linguagem cotidiana, chamou minha atenção. Fuçando sobre ele, verifiquei tratar-se de um conceito da física que consiste na propriedade que alguns materiais apresentam de voltar ao normal depois de submetidos à máxima tensão. Portanto, a palavra traduz o processo que estou vivendo ao tentar voltar ao normal depois de tanta tensão nos últimos meses.

Como fruto dessa tentativa, no sábado, 04 de setembro, voltei à Lapa. Declarada minha independência da escrita dissertativa, vi a(s) cara(s) da noite. Num palco armado sob os Arcos, dei de frente com a abertura da 1º. Primeira Reunião da Diversidade - Independência da Cultura. Diante dos meus olhos, a dança Toré apresentada por integrantes do povo Pankararu (SP), o jongo do Quilombo São José (RJ), o bloco Ilú Obá de Min (SP) e suas percussionistas, clicados na foto acima. Para encerrar, a associação de Sambadeiros e sambadeiras (BA) sobe ao palco e a batida do samba de roda promove o encontro real da diversidade. Convidados do evento, em sua maioria de outros estados; alguns de outros países, cariocas e gringos frequentadores da Lapa, todos entram na dança. O mesmo ritmo embala diferentes gingados de corpos que fazem o palco de madeira tremer. Sob meus pés, vejo que o compensando vive a resiliência, voltando ao estado reto após vergar sob o peso da nossa alegria dançante.

No domingo, após a festa aberta ao público, consigo me fazer convidar e, crachá no peito, nome estampado e sorriso aberto, ingresso na Fundição Progresso. Um dia de regalias se abre para quem adentra esse espaço vip, onde exposições teóricas antecedem a noite de dedicada à apresentação artística de trabalhos que simbolizam a diversidade cultural.

Reunidos na Fundição, representantes de povos de terreiro, integrantes de comunidades quilombolas, participantes do movimento hip hop de São Paulo, e também do hip hop indígena, comandado por Brô Mc, enfim, muitos exemplos daquela imagem de resiliência construída pela psicologia e que serve para explicar a capacidade de lidar com problemas, superá-los e até de se deixar transformar por adversidades. Uma jovem vinda de comunidade quilombola do Vale Dramani – zona rural de João Pessoa, é a mais perfeita tradução deste processo. Ela nos traz um relato sobre a prática do Projeto Griô, cujo objetivo é transmitir o saber popular para novas gerações de brasileiros, quilombolas ou não.

O dia é de testemunhos, por meio dos quais se pratica a troca de experiências. Oito salas acolhem participantes que abordam questões de gênero, comunicação e educação em contexto de diversidade, transmissão de saberes tradicionais e temas para todos os gostos. Degustados esses saberes, chega a hora de provar os sabores postos à mesa pelo requintado Buffet. Hoje come-se bem e com diversidade no cardápio: salve Minc, salve o maitre!

Após o almoço, sobremesa e café: continuam as falas e relatos de vivências. Na sala oito ouço representantes de povos de terreiro, um belo canto de capoeira entoado pela voz resistente de uma mãe de santo de Xapuri, local onde a intolerância religiosa é extremada. Neste cenário, uma jovem atriz e educadora da baixada fluminense/RJ fala sobre a mulher no sistema educacional e repete a palavra resiliência. Então, começo outra semana no embalo desta palavrinha de significados diversos. As drags, cadeirantes, deficientes auditivos, índios e tantas outras diferentes gentes ali reunidas ilustram os traços da pessoa resiliente descrita pela psicologia como aquela que não se abate com facilidade, enfrentando a adversidade sem deixar abalar seu humor. Terminam as “rodas de convivência” do dia. As salas se esvaziam: o jantar está servido para quem ainda tem fome após o almoço de 13h e o lanche de 16:30h. Devidamente fortalecidos de alimento e idéia, a noite é nossa.

No palco externo, a grande família que forma o grupo Carroça de Mamulengo é mestre de cerimônia da noite e convoca a Cia Gira Dança(RN), que tem dois cadeirantes no elenco. Dançar para resistir e resistir para não dançar, eis a lição do Maracatu Piaba de Ouro (PE) e da Irmandade de Carimbó São Benedito (PA) .

Brasileiros que somos, dançamos para resistir. Cariocas que sou, não resisto à dança. Aos poucos as arquibancadas se movimentam no compasso do Carimbó. O passo requer mais espaço, o público ganha o palco. A noite ganha a alegria de diversas idades vibrando e transformando o compensado no mais resistente pau-brasil.

Deixo aqui duas dicas coletadas no evento. A primeira é o site da documentarista Renata Meireles, no qual estão disponibilizados filmes sobre a "cultura da infância" e as diferentes formas de construção de brinquedos. As formas de produzir e brincar com o pião em diferentes regiões do país rendem um curta interessante: http://www.projetobira.com/. A dica número dois é o blog do grupo MATÉRIA RIMA (SP), que em suas letras de hip hop procura auxiliar na fixação de temas integrantes do currículo escolar. Passeando pelo blog desses rapazes, aos quais assisti no encontro da diversidade, dei de cara com uma letra que fala sobre brincadeiras tradicionais que resistem ao tempo. Vozes jovens repaginando o exercício griô, propagando saberes tradicionais e fixando conhecimentos. Confiram: http://materiarima.blogspot.com/

sábado, 14 de agosto de 2010

Louvor e transe em tempos de pressão.




Nesses últimos meses a tensão nossa de cada dia esteve insuportável... Mas, suportei. Ri do sumiço da escrita, brinquei com a desordem das idéias e tentei não me desesperar a cada mês terminado sem que eu terminasse o texto. Finalizada a escrita, eis a tensão do ajuste, até que enfim, sob pressão do tempo, deu-se por terminada a tarefa e cá está o trabalho impresso, que segue para o corte da banca e para meu alívio.

Cadê alívio? Numa primeira manhã sem obrigação de escrever, acordei muito cedo. Nada de relax, tensão para todo lado e cabeça pensando neste nosso viver de ave de abatedouro: com asas e sem espaço para voar, presos e escapando ao abate todo dia... Vi que eram menos que seis da manhã... Chorei...

Procurando alívio, liguei o PC, como tenho feito nos últimos dois anos, tem sido ele o companheiro mais presente ... Com o qual produzi a escrita que me fez acompanhada das palavras e idéias, mas é só. Pois a escrita é um fazer solitário, embora destinado ao outro. A sozinhez está com a gente enquanto vivemos e fugimos dela todo o tempo, buscando pares e grupos em tempos de escassez de solidariedade, de sonhos e de projetos coletivos.

Nuvens no meu céu... Vejo que lá fora o tempo também está nublado. A luz da tela clareia o quarto e eu navego... Corro olhos por manchetes que descrevem estes tempos de dor. Então, reli o Galeano lá na minha epígrafe, dizendo

Escrevemos a partir de uma necessidade de comunicação e comunhão com os demais, para denunciar o que dói e compartilhar o que dá alegria. Escrevemos contra a nossa própria solidão e a solidão dos outros. Supomos que a literatura transmite conhecimento e atua sobre a linguagem e a conduta de quem a recebe; que nos ajuda a conhecer-nos melhor para salvar-nos juntos.

Fora, parece que vai chover... Aqui dentro, já está rolando muita água. Olhos vermelhos, varrendo a tela. A cabeça pensando nas estratégias para vencer a realidade que abate os sonhos, o apelo ao consumo de tanto, quando precisamos apenas de um projeto para uma existência melhor...

A cabeça colada no estudo literário, no projeto do “homem novo”, vindo da recente história africana e naufragado no encontro das águas com as manhas e manias enraízadas no ocidente e reproduzidas em toda a parte. Deste ou do outro lado do Atlântico, e em todas as terras habitadas por homens, parecemos novas máquinas, já saídas de fábrica com aqueles velhos defeitos. E como não dá para mudar o todo, muitas pessoas partem para o transe a fim de aguentar.

Então louve-se. E esse fervor no louvor é registrado e alimentado pelo mundo virtual. Assisto Elaine Martins e seu louvor como caminho para um possível transe. O cenário é o presídio e uma das letras, tal como a literatura de Saramago, fala em levantar do chão.... Noutro vídeo, a canção é: “sei, é bem assim”. A multidão presente num show, aqueles homens e mulheres encarcerados no espaço prisional; eu, na minha (manhã) solitária: todos ouvem e concordam com a necessária busca de cumplicidade. Emociona mesmo ouvir: “é tão difícil suportar o medo, a dor e esta lágrima no olhar”. Melhor verter a lágrima no transe para sentir-se forte perante essa pequenez, que, seja pela escrita ou pela fé, o homem parece não conseguir mudar.

Virei a página, que meu corpo sinta o alívio de um sábado livre....

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ruy Duarte de Carvalho :) 1941/2010 ):

Como homenagem ao poeta/escritor/cineasta que, definitivamente, foi "lá visitar pastores",

faço convite para que todos conheçam sua escrita.

A gravação do rosto


Na superfície branca do deserto
na atmosfera ocre das distâncias
no verde breve da chuva de Novembro
deixei gravado meu rosto
minha mão
minha vontade e meu esperma;
prendi aos montes os gestos da entrega
cumpri as trajetórias do encontro
gravei nas águas a fúria da conquista
da devolução do amor.


(In: Memória de tanta guerra)


domingo, 9 de maio de 2010

Mãe é mulher que desabrocha em vida!



Estampadas em outdoors, em cestas e buquês, flores simbolizam mães. A rosa lidera o posto de estrela da publicidade, possivelmente por sua beleza, perfume, cor e por sua propriedade de abrir-se para a vida defendendo a frágil condição com os espinhos.

Mãe é mulher que se abre para dar a vida. Depois do parto vem perfume e, também a partida para criar os espinhos que defendem o viço da cria.

Mas há também as flores que despetalam com a maternidade, não foram regadas por amor enquanto faziam seus filhos. Ainda assim, o bebê que nasce, muitas vezes, atua como botão oferecido pela existência para que, ao cuidar dele, essa mulher se abra para vida e, apesar dos espinhos do amor homem-mulher, se inspire e expire o perfume intenso do amor materno.

Desabrochei depois da filha, boa parte dos espinhos me foram removidos. Alarguei o colo para a passagem de um bebê que me veio pela barriga aberta, mas esse colo mais largo acolhe melhor os amigos, os filhos das outras mães e o homem escolhido para desfrutar dessa acolhida mais generosa.

Noites em claro, chorinhos colicais, pirraças e outras artimanhas moldaram em mim a manha para encarar muitas situações que pintam em relações humanas surgidas no cotidiano. Reflexões surgidas após cada mamada. A fralda trocada e a certeza que novas merdas sempre virão. A pretensão de acudir sempre com a mesma eficiência, de livrar do mal, enfeitar a vida e seguir na lapela do mocinho ou espetada no cabelo da moiçoila que segue por entre os espinhos do crescer.

Aleci, mãe de parto e partida; Letícia, mãe da vaidade; Derly, mãe da valentia; Cilma, mãe do humor e Josefa, mãe dos primeiros socorros. Tenho e tive muitas mães, tenho um pouco de cada uma delas. Tenho muitas filhas, embora de parto e fato seja somente uma, aprendo muito com elas. Flores para todas. E, aquelas que já receberam as derradeiras flores me fizeram reconhecer a qualidade das boas mães de tornarem-se flores tatuadas na alma da gente e que seguem ornamentando nossa resistência aos espinhos do caminho.
Viço e vida boa para todas as mães!!!

sábado, 24 de abril de 2010

23/04 - Dia de fé(sta)!


No Centro do Rio de Janeiro e em muitos pontos da periferia carioca, fogos irrompem no amanhecer de 23/04/2010.

A alvorada de São Jorge ainda é ouvida essa manhã em Bangu, lembra minha mãe que assim o foi em toda sua infância vivida no Centro do Rio de Janeiro, local que há muito realiza uma das mais animadas festas para o santo guerreiro.

A festa corre solta no Centro e em alguns pontos da periferia carioca, incluindo centros umbandistas.
Imagens invadem a WEB, mostrando a multidão de devotos que sai às ruas para agradecer e tornar especial esse dia marcado pela fé(sta).

Vendo a estátua de São Jorge penso no apelo irresistível deste guerreiro sobre seu cavalo vencendo o dragão. Apelo identitário imediato para os que lutam diariamente contra inimigos de diferentes formatos, porém, tão nocivos quanto o derrotado por Jorge. Acreditar na vitória e pensar que ela vem com luta, às vezes contra inimigo aparentemente invencível, eis a mensagem de Jorge, também chamado Ogum por devotos umbandistas.

Santo católico ou Orixá é ele quem guia a cabeça e alivia o coração dos que buscam força para agir como um “intrépido vencedor” e abrir os caminhos, trazendo vitórias que iluminam a vida e ofuscam as demandas.

Um dia depois das comemorações, o embalo da fé(sta) me motiva a escrever esse “post” e fazer uma ilustração-homenagem elaborada em “feitio de oração” em prol da “paz, amor e harmonia entre todos que nos cercam”!

Salve!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Sem cor e sem rima


Mesmo longe do mar
as águas tomaram conta do cenário

Início de Abril aquoso e nada límpido

Numa cidade de papel
Diluída pela chuva
Transitável somente em barquinhos...

Para desempenho de nosso papel de cidadão
Flutuamos desgostosos sobre o esgoto
Esgotados pelo caos de
Ir e (não) vir
Num trânsito que para sob o choque de águas
Que param carros e coletivos

Outras ondas
Em terras cariocas
Formadas por montanhas que deslizam,
por bueiros que regurgitam água contaminada
por dejetos,
caos natural
administrado (?) pela incapacidade da engenharia oficial dessa cidade
e ampliado pela maravilhosa capacidade popular de lançar à rua papéis e outros restos
Que rolam sob a enxurrada
despencando junto com barrancos
e deitando abaixo o sonho da casa,
traçado na fragilidade da borda do barranco,
que, feito desenho de hidrocor colorida no papel,

se esvai sob a chuva

Corpos sem vida
Cidade incolor
Dias que rimam com dor


Simone Ri (cc) o
07/04/2010

domingo, 4 de abril de 2010

Música de Botswana: o ovo e novo da minha Páscoa.

Cheiro de chocolate no ar, gosto doce na boca e futuro desgosto abdominal... Assim é o domingo de Páscoa. E, entre os cheiros domingueiros está a tinta mal impressa do jornal ,que nos mancha a mão e a mente. Hoje pulei a “via crucis” do noticiário e me livrei de sacrifício idêntico ao dos fiéis filipinos: abaixo as chibatadas cotidianas! Quero açúcar e afeto para apaziguar as chagas da Quaresma e concretizar a ressurreição do bem representado pela bela figura do Jesus galã, apresentado nas representações católicas. Com elas aprendi que esse domingo é um dia de renascer após as penitências, tal qual o Cristo.

Meu crivo seletivo fez sobrar pouco para ler no jornaleco. Mas, na penúltima página do tablóide, uma pequena nota direciona-me para a Web, ao encontro de Ronnie, violonista fotografada durante sua apresentação nas ruas de Botswana. Eis o ovo que traz o novo! Meu domingo renasce com as imagens e sons do gemer de guitarras tocadas na quaresma permanente de gentes que respiram brisa mais amarga e degustam cardápios menos doces, de domingo a domingo.

Ouço e vejo Ronnie, artista popular que nos faz vibrar com os sons da África Austral. A imagem, que ilumina a aridez da cena com seu sorriso, é um canto de resistência. Um solo da constante ressurreição ensaiada a cada dia.

Eu não sei tocar um instrumento... Mas vou ouvindo e me inspirando para tocar a vida e ir pagando as penitências com astral e sorriso em alta.


Boa música, boa páscoa!

http://www.youtube.com/results?search_type=search_playlists&search_query=happy+new+year+lule+botswana&uni=1

domingo, 21 de março de 2010

Dia Mundial Contra a Discriminação Racial - 21 de março


Discriminados e acuados, grande número de afro-brasileiros vive de acordo com as mínimas condições reservadas a eles pelo imaginário e prática social.

Para sair dessa e partir melhor o bolo, dois insights de Malcon X:

1. "Não há capitalismo sem racismo", assim falou (e disse) Malcon X. Então, povo preto e branco que forma a raça humana regida por esse sistema, não dá para fugir dessa realidade.

Cá entre nós e nossas piadas, nossos poucos profissionais negros qualificados, nossos fartos trabalhores braçais negros, os efeitos da exclusão são visíveis em terra brasileiras, e como filhos da terrinha não dá para fugir dessa luta por mudança nesse quadro.

Então é com a gente. A gente que ri, reforçando a discriminação sem sentir. A gente que consente quando associa o melhor "perfil" e padrão de beleza à imagem do branco.

Definitivamente, o desafio, de mudar essa história que naturalizou a exclusão, só é assumido quando deixamos de achar naturais as discriminações veladas presentes nas atitudes nossas de cada dia, afinal:

2. "As únicas pessoas que realmente mudaram a história foram as que mudaram o pensamento dos homens a respeito de si mesmos."

Malcolm x

sábado, 20 de março de 2010

Arremesso do apagador acende nossa dor.

Uma das notícias da semana foi o arremesso de um apagador no rosto de aluna da rede pública.

http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL1534720-5606,00.html


Todas as vozes erguidas pelo direito da estudante, faço coro com elas. No entanto, encaro esse vôo do objeto identificado como cena que simboliza o estado insano que vai tomando forma cada vez mais concreta nas salas de aula do país.
Minha experiência docente registra passagens curtas por salas do ensino fundamental da rede pública, ensino médio e superior da rede particular. Nesses diferentes segmentos e espaços da educação carioca estava presente o desrespeito ao professor. O que, em alguns casos esgarça ao máximo a pressão psicológica cada vez mais exigida do domador-educador lançado nessa arena onde o poder da moçada vai fazendo calar o saber do profissional.

Como bem cantou o poeta maior aqui da nossa banda, a dor da gente não sai no jornal... É muito doloroso esse nosso quadro de onde foram apagadas lições básicas de respeito ao aluno, ao professor, à criança, ao mais velho, ao profissional, enfim, ao ser humano. Por isso a notícia doeu e eu calei.
Eis que hoje, sábado de sol, dia de estréia do som novo, pus para rodar um samba como quem faz uma oração ao bom astral. Ah, e quem vive sem algum ópio nessa droga de vida? Mas, então, nessa onda de tirar a poeira musical do ar, vem dona Leci Brandão cantar sua composição que eu certamente já ouvi outras vezes, mas que hoje tocou fundo. E eu assim nessa dor da escrita, chorando à toa rs Chorei ao som do samba- exaltação, pela dor das meninas e dos meninos, hoje professores, que um dia sonharam ensinar e chegaram nessa rotina de pesadelo. E pelos nossos “guris “ que precisam aprender a aprender para saber algo melhor sobre viver.

Abaixo um manifesto da Leci, do qual assino em baixo. Não como um discurso de vitimização do professor, mas como um pedido de atenção para todos os elementos que vem desconstruindo a escola como lugar de fortalecimento das qualidades dos cidadãos que lá ensinam e aprendem:
“No momento em que o país decidir investir de verdade na educação, todos os nossos problemas serão resolvidos, tudo parte da educação. Respeitem os professores, dando-lhes condições dignas de sobrevivência. Que Deus proteja nossos anjos da guarda.”

Seguem a letra dessa professora de samba engajado e o link para conferirem o som, imagem e luz dela!

http://www.youtube.com/watch?v=MZp2F92js5U



ANJOS DA GUARDA (Leci Brandão)

Professores
Protetores das crianças do meu país
Eu queria, gostaria
De um discurso bem mais feliz
Porque tudo é educação
É matéria de todo o tempo
Ensinem a quem sabe tudo
A entregar o conhecimento

Na sala de aula
É que se forma um cidadão
Na sala de aula
Que se muda uma nação
Na sala de aula
Não há idade, nem cor
Por isso aceite e respeite
O meu professor
Batam palmas pra ele
Que ele merece...

domingo, 7 de março de 2010

A luci(n)dez de Elisas, Anas, Carolinas, Aldas e tantas operárias.

Era uma vez, um grupo de operárias novaiorquinas que recebia 1/3 a menos que o salário masculino e trabalhava 16 horas diárias. Precisavam ganhar mais e trabalhar menos. Resolveram protestar por uma jornada de 10 horas e, em 8 de março de 1857, centro e trinta trabalhadoras protestavam no interior da fábrica, quando um incêndio pôs fim aquelas vidas e suas modestas reinvindicações. Para que essa história não fosse esquecida, em 1910, outro grupo de mulheres instituiu o dia 08 de março como dia Internacional da Mulher.

E assim são criadas as datas, com a melhor das intenções. Mas, um século depois, sob o efeito showbiz com o qual pretendem transformar a vida em festa glamurosa, virou festa esse dia.

Dia que rende comemorações no mundo inteiro. Festa da mídia empenhada em lembrar a todos das lingeries, chocolates e jóias que não devem ser esquecidas nessa data que confirma a importância da perfumaria para a existência feminina.
Decididamente, os tempos modernos dispersaram as cinzas que traziam a lembrança dessa data como momento de reafirmar direitos e medidas que possibilitem um cotidiano em que a condição feminina possa ser admirada, dispensando esse dia cenográfico em que flores e sorrisos são incorporados aos protocolos oficiais de homenagem.

Mas, nessa lógica que move o mundo, cabe aplicar a velha lógica machista que predomina sobre a vida feminina: ruim com ele, pior sem ele...



Eu me rendo: que venha mais esse dia! Nele fabricaremos mais doses da resistência queimada na fábrica para dar conta da rotina hard do século XXI, na qual triplicamos a jornada para escapar da história comum à maioria das mulheres que, dentro dos estabelecimentos espalhados pelo mundo, trabalha tanto e ganha tão mal quanto as operárias do passado.

Antecipando a festa, um jornal diz que “a beleza acústica e rítmica da pandeireta de Ana Carolina” já comemorou a data em Luanda, onde há também o dia da mulher angolana. "É isso aí", nessas bandas onde toda sexta-feira é dia “do homem” e do vale tudo masculino, o esforço para fazer crer no valor feminino é duplo.

Toda mulher gosta de rosas, canta a moça da pandeireta, mas, não bastam as flores e a música para mulheres que tem conhecido apenas espinhos e ruídos de um cotidiano privado da leitura, da escrita e calcado apenas na arte de sobreviver sem arte, sem pão, sem teto, lutando sempre para escrever uma história para os muitos que dela descendem e dependem.

Que em todos os cantos e em todos os dias vinguem os eventos que potencializem a qualidade dos seres humanos, minimizando o ato de resistência exigido da mulher.
Dedico minhas palavras às mulheres que não podem lê-las. As que lerem indico as palavras de Alda Lara, Carolina Maria de Jesus, Alda Espírito Santo, Conceição Evaristo, Sueli Carneiro e Elisa Lucinda, operárias da escrita, cuja lucidez nos deu obras literárias que refletem o existir, resistir e produzir próprios ao ser feminino em nosso mundo.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A nova ordem do rei: destaques ao alto, rainhas à frente (da bateria),

O rei mandou cair dentro da folia, lá foi o príncipe e lá vou eu! Confetes ao alto, concurso de marchinhas e blocos na rua! Um carnaval com cara de antigamente sacode a cidade antes que os GRES cariocas, popularizados como escolas de samba, façam o desfile oficial.

Nas semanas que antecedem os desfiles na passarela do samba é forte o  agito dos blocos carnavalescos, cada vez mais numerosos e atuantes na agenda da cidade. Na programação da
TV se abre algum espaço para o tema carnaval, enfocando personagens e surpresas as super escolas de samba S/A preparam para apresentar na Avenida com nome de Marquês e freqüentada por um público cada vez mais nobre.

Tentando fugir do marasmo da programação habitual e me inteirar sobre enredos, propostas e sambas que passarão pela Avenida, percorri canais e assisti a alguns programas de TV que me desafiaram a falar.

E se meu grito pré-carnavalesco começa por enredos e samba, a gente pode trocar o esquenta que coube aos blocos por um morno repeteco dos conteúdo, rimas e gritos de guerra. Na guerra da LIESA, a mesmice é a arma mais usada, principalmente, se alguém, como eu, passou muitos anos curtindo e acompanhando os “antigos carnavais, de sambistas imortais, bordados e poesia. Velhos tempos que não voltam mais. E no progresso da folia” remasterizar enredo está na ordem do dia!

Parece que a reciclagem da fantasia, ou da falta dela, comanda a festa. Cheguei a essa conclusão quando vi, num desses programas, que a surpresa da Caprichoso de Pilares para 2009 é trazer novamente para avenida o famoso refrão: tem bumbum de fora pra chuchu, qualquer dia é todo mundo nu!

Alguém esqueceu esse refrão profético? Realmente visionário, estava nele a evidente redução da fantasia, inversamente proporcional ao aumento do luxo e valor da indumentária. O que se viu foi que a maximização do mínimo tomou conta do mercado do samba. E quando a profecia se cumpriu, a liga (das escolas do samba) viu-se obrigada a impedir o todo mundo nu, criando a perda de pontos para os despidos além do peitoral e bumbum. Assim, começamos a (tentar) ver as novas vestes das rainha-passistas que, ouvidas pelas equipes das emissoras, nos descrevem, detalhadamente, o modelo de seus tapa-sexos e mantos de purpurina transparente, ambos tão invisíveis quanto a nova roupa do imperador.

Percorrendo os canais, na TV aberta, o concurso de musa do carnaval apresentado pela líder de audiência. Na concorrente, encontro (ou reencontro?) o “Samba de Primeira” (quem não lembrar tá perdoado, programação que meu pai assistia e programa que o pai do Perlingeiro fazia!). O destaque por lá são os intérpretes, antigos puxadores, que se fazem acompanhar de uma representante da agremiação, devidamente credenciada como passista, aquelas que antigamente eram pretinhas - embora chamadas de mulatas, sendo substituídas depois, com a evolução, por mulatas de cor e fato.

O que o samba de primeira me mostra é que o destaque da mídia àquelas que ocupam o posto das antigas passistas, retirou deste lugar as moças da comunidade. Com o progresso da folia, o embranquecimento vai tomando lugar entre madrinhas, rainhas de bateria e passistas. Diferentes na tonalidade da pele, e na qualidade do samba no pé, todas se fazem semelhantes pelo bumbum de fora pra chuchu, seja ele natural ou turbinado pela indústria da beleza. Parece que vai se tornando comum eleger para musas de diferentes comunidades, as mesmas caras de garota carioca, corpo bom de mulata e sangue bom de branco cruzado nas veias e resultante em pele mais clara, cabelo mais liso...

Aqui as imagens das concorrentes e da musa do caldeirão, para reforçar o meu dito(ou grito?): http://tvglobo.caldeiraodohuck.globo.com/musa-do-carnaval-rj-2010/

Como se cantou nos carnavais que passaram: bandeira branca! Não estou aqui declarando guerra ao branco no samba ou dizendo que samba é patrimônio único e exclusivo de negros. Apenas observo o clareamento das figuras destacas pela mídia como representantes de um carnaval, e de escolas, sustentadas por baterias, baianas, alas da força e das crianças que ostentam traços de uma herança afro predominante no local onde nasceram as agremiações. Eis que a fantasia da passista serve ao oportunismo de candidatas a celebridades que utilizam o carnaval para exibição de atributos que renderão trabalhos posteriores.

Os episódios de exclusão, que tentamos abordar nas aulas da escola, se repetem na história da passarela do samba. Aos que dispensarem algumas horas para ver a folia alheia via TV, reparem, como será comum não ver o grande número de sambistas afrobrasileiras que formam grandes alas das passistas, aplaudidas com entusiamo pela plateia importada, e exportada durante o ano inteiro para divulgar mundo afora um carnaval que desvaloriza suas figuras simbólicas aqui dentro.

O que os programas anteciparam, destacando meninas esculpidas à imagem e semelhança dos famosos, se repetirá na Avenida. Não é de hoje que a transmissão de TV elege, para os closes, esses novos rostos que repetem os velhos modelos de beleza branca agora temperados com preenchimentos, contornos e gingados que definem a imagem o ziriguidum 2010 da passista da cor do Brasil fantasiado de não somos racistas. E nesse sentido, a TV do criador da fantasia, apenas faz sua opção pela melhor estética. É apenas por essa imagem melhor que luzes e câmeras se voltam para flagrar as estrelas do cotidiano, deixando fora de foco rostos anônimos, muitos dos quais representantes das gentes que contruíram a história do carnaval, como a velha baiana que foi passista, brincou em ala e dizem que foi o grande amor do mestre-salas”(Salve Martinho e esse close caption da escrita!)

E na ópera popular e, paradoxalmente, suntuosa do desfile das escolas de samba, ritmistas, passistas e demais figuras populares perdem espaço para os astros, engrossando um coro que passa ao fundo da tela. Entre uma estrela e outra, cortes e closes detalham corpos não brancos e seus sorrisos às vezes desfalcados, outros, muito brancos, talhados na ralação no barracão e na quadra, moldado pelo cansaço e desejo de estar ali e viver a fundo esses minutos de folia, que um dia foram de majestade para os anônimos que hoje pagam com grana ou com suor para que seus corpos, vibração e vozes abasteçam essa farsa-festa com alguma alegria autêntica.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010







Avatar: o passado contra-ataca.

Para começo de conversa usarei a frase de James Cameron sobre seu trabalho inovador em Avatar: isso é algo que não se tinha visto antes. Realmente, é essa ação inovadora de animar personagens vetoriais com expressões humanas, ainda inédita, a responsável por atrair um público recorde aos cinemas de todo o mundo.

Os que já viram na tela o trabalho de Cameron e equipe hão de valorizar a atual reprodutibilidade de possibilidades técnicas como algo que revigora a magia do velho cinema, junto a uma nova geração que já é habitué da computação gráfica. Dito isso, já estou dialogando com Benjamin e outras figuras desse universo cheio de conceitos que tem me servido para pensar a cultura. As possibilidades de uma leitora mais teórica da obra hollywoodiana são inevitáveis para alguém que tem comido teoria e arrisca uma pausa para comer pipoca e ir ao cinema. Prometo reconhecer que a hora é de diversão, portanto maiores viagens teóricas ficarão para um artigo a ser escrito como parte dos estudos culturais e africanistas.

Mas, é como estudiosa das africanidades que a observação do historiador Hayden White sobre a ligação entre ficção e realidade despertou meu interesse como caminho para pensar o roteiro desta ficção futurista. Mais que os efeitos e feitos tecnológicos, foi essa ligação do roteiro com as histórias e culturas africanas o maior atrativo do filme.

É por (re)criar um povo futurista cuja imagem, história e cultura tomam de empréstimo algumas realidades africanas que o filme apresenta ao público mais jovem algo que muitos deles ainda não tinham conhecimento. Aliás, são histórias e culturas que ficaram apartadas dos conteúdos das escolas por onde passaram minha geração e as anteriores. Por isso, acho irresistível e oportuno falar do que pude identificar de africanidade no filme, após esse curto percurso de estudos. E, certamente, é pelo contato com um modo africano tradicional de ver o mundo que a indesejável certeza de estar mais velha, dá lugar a um orgulho de poder ser a “mais velha”, portanto aquela que tem sabedoria para apontar alguns elementos que pode mostrar que o povo de Pandora, criado nessa ficção futurista, se relaciona com a natureza de forma muito semelhante à existente no passado de muitas sociedades africanas. Prova disso é o culto à árvore dos ancestrais, bela cena tranposta abaixo.

A reverência dos personagens futuristas à grande árvore é uma recriação da importância de baobás, imbondeiros e outras árvores ligadas às crenças de povos africanos. Menção direta ao culto à natureza, valorizado em ritual semelhante realizado no candomblé. Em Angola, por exemplo nas culturas mais tradicionais, o imbondeiro é tido como intermediário entre Deus e os homens, tal como acontece com a árvore existente em Pandora, fictício local do filme, no qual a ligação com a ancestralidade é tão reverenciada quanto nas sociedades tradicionais. E, cabe dizer que, desde o passado, são inúmeras as formas de utilização que os africanos fazem destas árvores simbólicas, nas quais se abrem buracos no interior do tronco para armazenar água ou alimentos, além de sepulturem seus mortos. E esse dado cultural vindo do passado é algo ainda presente, como mostra a imagem clicada por um amigo, atualmente, em viagem férias e de passagem pelo Sengal.


Bem, esse é o tipo de filme que dispensa recomendações: antes de qualquer comentário todos já queriam vê-lo. As dicas servem para ajudar o olhar a ir além do show tecnológico e apre(e)nder conhecimento sobre um passado no qual Cameron parece apoiar-se para conceber, através de seus humanóideis, uma visão de futuro que toma por base sabedoria e visões de mundo que permaneceram ignoradas por muito tempo, sofrendo uma constante depreciação diante da ciência utilizada pelos humanos na construção dos impérios contemporâneos que comandam tempos cada vez mais distanciados do humanismo.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Pontapé inicial

Como primeiro lance da temporada, coloco em campo meu desejo de sucesso ao COCAN 2010. Que venham "golos" e muita arte nos pés das "equipas" e, desse modo, as farpas e "FLECS", sejam menos notados que alguns benefícios possíveis a partir destes jogos disputados em Angola.

Como me provou o post de maior sucesso do "Kiafunhata", o futebol mexe com paixões. E eu, declaradamente fria neste terreno passional futebolesco, confesso que o livro Trumunu, sobre o futebol angolano, mexeu com a minha paixão pela linguagem.

E como não vibrar com a quantidade de palavras criadas e recriadas sob a tensão da bola em jogo? A começar por Trumunu - originária do kimbundo, língua nacional angolana - cujo significado está ligado ao ato de esfregar roupa, tirar nódoa, acaba com as dúvidas. Conhecendo o significado desta palavra favorita da torcida é possível pensar o que os torcedores esperam de uma partida de futebol.

Em "Trumunu" Mateus Gonçalves e Carlos Pacavira contam o percurso do futebol angolano ao longo da história, em fotos e entrevistas que somam 286 páginas. O livro está disponível em:

http://www.canangola2010.com/ucmcan/groups/public/documents/library/PDF/Trumunu/index.html .


Eu continuo torcendo para que, nos espaços onde o cotidiano do torcedor o faz sofrer muito mais que a derrota esportiva, a mobilização em torno do futebol traga vitórias concretas ao povo que além de torcedor é lutador e merecedor de grandes resultados.