KIAFUNHATA

imagens da vida e da arte

sábado, 28 de janeiro de 2012

Beatriz Nascimento: breve e bela passagem pontuada de nascimentos.

Antes que a sua história acontecesse,
Deram-lhe um nome que espelha seu papel na história de pensar o ser negro no Brasil
Maria Beatriz  Nascimento.
Mãe como tantas brasileiras,
Ativista e teórica como poucas afro-brasileiras
Palestrante de luminosidade similar a da estrela Belatriz.

Antes de ter a vida ceifada pela violência que atinge tantas mulheres,

Produziu intensamente,

Iluminando as reflexões sobre a presença do negro na história brasileira e  
Fecundando o nascimento de ações militantes e afirmativas

semeadas por suas palavras poéticas, testemunhais ou teóricas
projetadas na tela ou impressas
 Passados dezessete anos de uma partida antecipada,
Seu pensamento segue presente
Em processos de afirmação de gênero  e pertença étnica,
ambos travados “entre a bruma e o crespúsculo”
 
Artigos e entrevistas te fazem viva
Texto, ideias e ideais circulando,
“Seduzindo o que não estava atento”,
Despertando-o  para “encontros e rompimentos”
Que burilam a  capacidade de reagir
àquelas continuidades que permitiriam que
“tudo aconteça como antes aconteceu”
 
A força contida no fim de sua história
e nas discussões promovidas durante  sua trajetória
não permitem dizer que ela seja "aquela que faz o outro feliz"
significado do nome Beatriz

Sua presença guardada na memória,
Registrada em Orí
e em outros feitos e fatos
da vida de mulher-negra-intelectual-mãe
mostra que no terreno das lutas afro-brasileiras ela é mãe
dando vida a uma figura de intelectual negra no cenário branco da intelectualidade
dando alimento a quem se fortalece
para colaborar com  o desenho de uma conjuntura
que faça diferente o devir dos afrodescendentes na história brasileira!
 O que faltou dizer sobre a partida ...
Estava fazendo mestrado em comunicação social, na UFRJ, sob orientação de Muniz Sodré, quando sua trajetória foi interrompida. Beatriz foi assassinada ao defender uma amiga de seu companheiro violento, deixando uma filha.
Faleceu em 28 de janeiro de 1995 no Rio de Janeiro.
(Fonte: A cor da cultura - Heróis de todo mundo)
  
Um perfi mais detalhado:

A mulheres negra e amor, na leitura de Beatriz Nascimento:

 
Mote para minha intertextualidade: poema de Beatriz, inserido no estudo memorialista sobre a autora, intitulado Eu sou Atlântica (RATTS, 2006)

 
Antes tudo acontecesse como antes
                            aconteceu
Não vindo como algo novo
Seduzindo o que não estava atento
Antes tudo acontecesse como o aviso do
                                sinal
Atenção!“Está prestes a se concretizar”
E não como serpente silenciosa
Em seu silvar
Em seu silvar
Antes tudo acontecesse quando te
                            sentisses
                            forte
Capaz de reagir, que pudesses sangrar
Antes tudo acontecesse como se fosse o
                              previsto
Visto de trás ou de longe
Antes que te atingisses de frente
Antes tudo acontecesse como acontecem
as histórias
De encontros e rompimentos, num
                            mergulho
                            sem demora
Antes tudo se passasse como passa o
                            Arco –íris
Num momento luz, noutro bruma e
crepúsculo. (1987). 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Chegança de João Cândido: um cordel em prol da memória e revisão da história.


Neste mês de janeiro marcado por forte mobilização midiática em torno das polêmicas que asseguram a audiência de um famoso reality show produzido no Rio de Janeiro, há espaço na cidade para um belo show de talentos reunidos na montagem “Chegança do Almirante Brasileiro na Pequena África”.



Equilibrados sobre pernas de paus ou praticáveis, os atores da Grande Companhia Brasileira de Mystérios e Novidades narram a “odisseia marítima” de João Cândido, aproximando o público da figura e história deste afro-brasileiro que liderou a Revolta da Chibata, episódio significativo no rol dos movimentos brasileiros realizados em prol da conquista de direitos humanos.


A apresentação realizada na Cinelândia, nesta quarta-feira, dia 18 de janeiro, foi a segunda de um pacote de sete encenações gratuitas oferecidas ao público como um presente que os trabalhadores envolvidos na montagem oferecem ao público que circula pelo Rio na semana do aniversário da cidade.


Emocionante leitura da trajetória do Almirante Negro, o espetáculo é um imperdível momento de reflexão sobre a existência de opressões raciais e políticas que realmente exigem mobilização e luta.


Na grande ciranda realizada pela montagem, participam João Cândido menino, homem e idoso, além de indivíduos como Tia Ciata e coletivos como a irmandade do Rosário. Com estes e outros personagens a peça resgata na memória coletiva alguns modos de deflagrar ações que garantam a resistência cultural dos afrodescendentes e fortaleçam suas possibilidades de reparar defasagens sócio-culturais instituídas desde escravidão.


Realizadas sempre às 17:00 horas, as próximas encenações serão nos seguintes dias e locais: 19/01 – Cinelândia; 20/01 - Arcos da Lapa; 21/01 – Parque Garota de Ipanema; 22/01 – Parque Lage e 23/01 – Praça da Harmonia.

 









segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Chuva e (segundo) sol no céu de 2012.


Exatas, as previsões meteorológicas adiantaram que chegada de 2012 seria sob chuva. No auge, as certezas tecnológicas puseram em descrédito previsões místicas, vindas de diversas vertentes, que apontam este ano como fim de uma era.

Após a era dos extremos vivida no breve século XX, um tempo de liquidez tomou conta do cenário marcado por descobertas e discursos que indicam uma kiafunhata, ou seja, um ápice do desenvolvimento tecnológico e intelectual. Intensamente utilizada grupos privilegiados, a tecnologia produz ciência, mas nem sempre é produzida com consciência, gerando algumas substâncias e sentimentos que empobrecem as condições de vida em diferentes espaços do planeta. Disparidades extremas que fluem com liquidez, dissiminando desigualdades que diversificam os caminhos para um eminente colapso semelhante ao vivido por algumas civilizações que, no passado, experimentaram a destruição bem no auge de seu desenvolvimento... 

O capital intelectual desenvolvido ainda parece insuficiente para contestar a insustentabilidade deste atual modelo de desenvolvimento forjado com o subdesenvolvimento estimulado e alimentado pela engrenagem capitalista.  Desperdícios e faltas capitais são sintomas de uma crise aguda, diante da qual se torna atraente a imagem  de 2012 como ponto de recomeço. Com base no parecer científico, o recomeço tarda mas  não falta, pois a cada 26.000 anos a Terra sofre uma mudança de eixo em relação à esfera celeste, configurando o fenômeno astrológico da Precessão, nascedouro de mudanças na configuração planetária. Discursos místicos e científicos reconhecem a 2012 como um destes momentos, alguns destes calculam que o fenômeno ocorrerá no dia 21 de dezembro.

Nada mau pensar que essa mudança de orientação angular terá como efeito o  início do "mundo da regeneração", momento místico no qual a consciência individualista dá lugar a uma consciência universalista, responsável pelo reforço da pertença do homem ao Universo. Nada novo pensar assim como pensavam sociedades tradicionais postas em descrédito pelo cientificismo e suas certezas. Uma destas sociedades, os Maias apregoavam, na primeira de suas sete célebres profecias, que "nosso mundo de ódio, materialismo e medo terminará num sábado, 22 de Dezembro do ano 2012. Dia em que a humanidade deverá escolher entre desaparecer como espécie pensante, que ameça destruir o planeta, ou evoluir à integração harmônica com todo o Universo, compreendendo que somos parte deste Todo, e que podemos existir em uma nova Era de luz". 

Sem dúvidas, as geleiras que derretem no Ártico e outras que se erguem entre os homens são efeito efeito da normatização de formas de caos e destruição em diferentes locais.  Caberá aos cientistas afirmar ou negar as tormentas solares e os locais de suas ocorrências... Quanto às tormentas no capital emocional, intelectual e econômico, o senso comum é capaz de apontar seus impactos em seres humanos atingidos por partículas nada ínfimas de sentimentos e ações  tão nocivos quanto os provenientes do vento solar descrito pela ciência como resultante de um  bombardeio de partículas solares.

A olho nu vemos as partículas das economias em colapso desenhando uma recessão global e formando um mosaico que projeta conflitos no céu do Planeta.  Para os geólogos, o Sol não reina sozinho neste céu, no qual, a cada 26 ou 30 milhões de anos, despontam estrelas pouco conhecidas como a Nêmese,  deusa da vingança. No passado, astros deste tipo provocaram o fim do reinado dos dinossauros, abrindo caminho para a nova Era dominada por mamíferos. No passado, foi dito que esta deusa marcaria presença no céu, derramando sobre os mamíferos desenvolvidos a vingança por tamanha irresponsabilidade na organização da vida do planeta...

Ciência e misticismo estudam o céu da Terra, seus discursos se encontram ao avistar temíveis, mas não terríveis previsões de fim de uma ordem que vaticina nossa espécie a um desfecho semelhante ao dos dinossauros. Que venha a colisão com a luz e a explosão de uma nova ética global!


                                         Consulta: http://www.novaera-alvorecer.net/as_7_profecias_maias.htm